quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A indústria da gastroplastia


Quem acompanha este blog há muito tempo, sabe que ele foi criado originalmente para falar sobre a minha gastroplastia. O assunto é tão recorrente por aqui que até gravamos um podcast falando exclusivamente sobre a cirurgia de redução do estômago.
Numa época em que vários gordos famosos estão operando suas barrigas para perder peso - como o Faustão - a gastroplastia acabou virando moda. Maira defende a teoria de que os gordos estão em extinção e que, no futuro, todo mundo será magro e com estômagos diminutos.
O que me incomoda nessa história toda é que a cirurgia acabou sendo banalizada. Conheço vários casos de pessoas que engordaram para operar. Soube até mesmo de uma mulher que foi retirar pedras na vesícula, “aproveitou que estava por lá” e fez logo uma gastroplastia.
Na semana passada vi um outdoor em Salvador que me deixou com a pulga atrás da orelha. Uma clínica especializada em cirugia bariátrica anunciava sua “experiência tamanho GG em deixar você tamanho P”.

Segundo o artigo nove do código de ética médica: “A Medicina não pode, em qualquer circunstância ou de qualquer forma, ser exercida como comércio”. Talvez eu tenha entendido errado esse outdoor, mas fiquei com a impressão de que essa propaganda iguala a clínica à um supermercado ou salão de beleza. Todos querem apenas vender os seus produtos/serviços.
Não sou hipócrita a ponto de não recomendar a gastroplastia pros outros, afinal fiz a cirurgia e estou relativamente satisfeito com o resultado, mas anúncios como esse me deixam com a estranha sensação de que a saúde deixou de ser o motivo principal para alguém fazer a redução de estômago.
Como gastroplastizado e publicitário, esse tipo de coisa realmente me preocupa.
via Papo de Gordo de Eduardo Sales Filho

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