quarta-feira, 14 de abril de 2010

As cidades e seus heróis!!

Toda comunidade carece de referências. Pessoas que se destacaram em algum momento, na sua vida social e/ou profissional e tiveram seus nomes e imagens registrados nos anais da história por obra de reconhecido mérito.
Pessoas cujos nomes passam a ser cultuados em homenagens e eventos, num esforço para se trabalhar a auto-estima de um povo e manter viva na sua memória a representação de seus melhores valores e talentos.
Seus nomes alardeiam e engrandecem as suas cidades de origem, destacando-as em cenário nacional e mundial e conferem-lhe uma identidade única.
Estes nomes ficam maiores, em tempos de mídia farta e ágil, que as cidades onde nasceram.
Só para citar alguns exemplos temos aqui bem perto, a Clara Nunes de Caetanópolis, o Agripa de Vasconcelos de Matosinhos.
Não há como deixar de destacar a colossal figura de Guimarães Rosa, que ficou maior não só que sua cidade natal, a simpática Cordisburgo, mas de toda uma região, que foi retratada e imortalizada pelo seu gênio inquieto.
Cada uma das cidades da macro região quer para si um pedaço desta grandiosidade.
Itabira tem em Carlos Drummond de Andrade seu nome maior, e poderíamos continuar citando muitos outros nomes de pessoas que foram para os registros da história e engrandeceram suas cidades.
Como o objetivo deste texto não é de pesquisa, mas de defesa de uma tese,continuamos com o nosso raciocínio.
Sete Lagoas tem como nome maior em cenário nacional o Zacarias, personagem de Mauro Gonçalves, que se destacou como um dos “trapalhões” da Rede Globo.
Alguns dados interessantes e relevantes sobre a história destes personagens é que, antes da fama, muitos foram rejeitados e mesmo banidos de suas cidades e seus talentos só floresceram sob a guarida de praças culturais mais desenvolvidas e progressistas.
Geralmente, ambientes de perfil tradicionalista e elitista, tendem a desconhecer e menosprezar seus talentos, só se rendendo a eles, tardiamente, sob as evidências do reconhecimento “lá de fora”.
E aquela cidade que rejeitou e baniu seu filho, “agitador cultural” de outras eras, obrigando-o a romper raízes e se superar em outras praças, exibe-o depois em praça pública, como o filho prodígio.
E como se vinga um grande talento? Colocando sua cidade em evidência, no mapa da cultura mundial.
Este fenômeno é recorrente uma vez que quem julga um talento numa cidade, o faz com sua autoridade personalista, sua visão de curta distância e seus preconceitos localistas.
Quantos talentos se rendem neste processo, convencidos pelos papas culturais das aldeias, de que sua arte é medíocre e que não tem futuro.
Quantos artistas calam sua arte em empregos formais, trocando seus sonhos por uma segurança rasteira e frustram as sementes que a natureza lhes legou para “render e dar bons frutos”.
Este é um tema pertinente para reflexão coletiva sobre o potencial que se perde nestes processos de trituração das bases culturais de uma cidade, que pune um agitador cultural quando em vida e lhe confere honrarias póstumas.

João Batista Drummond

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